Cultivo de “tucum” na tribo Tikuna - Filadélfia-AM

Fernando Cruz Frickmann (Rua 13 quadra D no 44 Cj. Colina do Aleixo)
frickman@inpa.gov.br

Fabiana dos Santos e Souza
fabiana@inpa.gov.br


INTRODUÇÃO:

Este trabalho estava inserido no sub-projeto dentro do PPG-7/PD-A que, dentre outros objetivos, incluía a formação de gestores Tikuna para administração de um sistema de manejo sustentável do “tucum” Astrocaryum sp. com a construção de um viveiro florestal, produção de compostagem e transplante de indivíduos jovens do campo. Teve como organizadores o Conselho Geral da Tribo Tikuna (CGTT) e contou com o apoio da OASPT (Organização dos Agentes de Saúde do Povo Tikuna), AMIT (Associação das Mulheres Indígenas Tikuna) e museu Magüta.
O problema da falta do ‘tucum” só veio à tona após a criação da AMIT em 1998, o que propiciou maior representação dos interesses específicos das mulheres indígenas. Atividades como a confecção de artesanatos utilizando a fibra do “tucum”, estão entre outras, tradicionalmente nas mãos das mulheres. Uma prova disto foi a reivindicação, logo na primeira reunião, para a elaboração de um projeto para resolver o problema da escassez da matéria-prima, fonte importante de renda da família Tikuna.
O povo Tikuna é o mais numeroso grupo indígena em território brasileiro, com uma população em torno de 26.000 indivíduos dividida em mais de 100 aldeias. A persistência por parte das mulheres Tikuna no uso sistemático da língua no cotidiano da aldeia e principalmente junto com as crianças contribuíram, sem dúvida, a sua preservação, sendo falado como primeiro idioma por quase a totalidade da população.


MATERIAIS E MÉTODOS:

Foi dado um curso para representantes de várias aldeias no período de 08 à 20 de agosto de 2001, em Filadélfia uma comunidade com um alto nível de contato com a “sociedade”, a cidade de Benjamin Constant, o que implica em vários problemas devido a “urbanização acelerada” da aldeia como a falta de saneamento. Estas comunidades próximas as cidades são as que sofrem mais os diversos tipos de invasões que ocorrem na área indígena feita por fazendeiros, garimpeiros, madeireiros ou pescadores profissionais, estes vindos normalmente da Colômbia para prática da pesca predatória.
O curso constou de aulas práticas e teóricas sendo utilizada a sede da AMIT como sala de aula. Algumas avaliações foram feitas em sala através de desenhos ilustrando ora o que os alunos entendiam das explicações dadas, ora o conhecimento deles em relação ao assunto discutido. Na prática os alunos construíram, utilizando facões, inchadas e cavadores, um viveiro bem simples para abrigar as primeiras mudas replantadas, aprenderam a fazer compostagem através das sobras de comida para além de servirem como substrato para as futuras palmeiras contribuírem para a reciclagem de produtos orgânicos. As mudas replantadas eram postas em um recipiente improvisado por eles com muita eficiência feito com folhas de outra espécie de palmeira e amarrado com “envira”.

RESULTADOS:

Os resultados foram satisfatórios visto os desenhos que serviram de exercícios para ilustrar o quanto os alunos estavam entendendo e a concretização do viveiro . Atualmente a comunidade de Filadélfia, onde o viveiro foi construído e sua vizinha Porto Cordeirinho já possuem cerca de 280 mudas, duplicaram o viveiro e pretendem atingir a quantia de 1000 mudas de “tucum”. A baixa mortalidade de mudas durante o replantio indicou a total compreensão por parte dos alunos do conteúdo ensinado.


CONCLUSÃO:

A formação de gestores indígenas para administrar, neste caso, o viveiro, é de fundamental importância para o sucesso do projeto, uma vez que os Tikuna são únicos interessados diretamente e também são os que mais sentem os problemas e deficiências existentes. Além disso, a própria comunidade se sente mais a vontade tendo pessoas próximas, muitas vezes parentes, como administradores, muito mais acessíveis. Creio que em breve o problema do “tucum” estará solucionado, o que só dependerá do manejo adequado.


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

1- 1998.“Implantação de viveiros e produção de mudas nativas” IEF -MG
2- FERWERDA J.D.1956. “Germination of oil palm seeds” .Tropical Agriculture vol 33 no 1
3-JORDAN C. B.1970. “A study of germination na use in twelve palms of Northeastern Peru”. Principes vol 14
4- PINHEIRO C.U.B.1986. “Germinação de sementes de palmeiras”. Revisão bibliográfica. Teresina- PI
5- READ R.W.1962. “Culture of palm seedlings after germination”. Principes vol 06
6- YOCUM H.G.1964. “Factors affecting the germination of palm seeds”. The American Horticultural Magazine vol 43 no 2